quarta-feira, 29 de abril de 2009

MEMÓRIAS DA POLÍTICA VALENCIANA.

Desde que comecei a acompanhar e gostar da política valenciana em 1986, um fato relevante tem acontecido em toda eleição municipal, pois a cada pleito, pelo menos um vereador não consegue se reeleger para o mandato seguinte. Vamos a eles:
Em 1988, o vereador Luiz Rosa(PFL), exercendo o primeiro mandato, no qual foi presidente da Câmara Municipal, não conseguiu se reeleger, obtendo apenas 158 votos.
Em 1992, o vereador Erasmo Rosa(PFL), também de primeiro mandato não conseguiu sua reeleição, apesar de obter 304 votos, votação expressiva para a época.
Em 1996, o veterano vereador Elizeu França(PFL), mesmo obtendo 451 votos e ser mais votado que três dos vereadores eleitos naquela eleição, não se reelegeu, sendo prejudicado pelo coeficiente partidário de sua coligação.
No ano 2000, o vereador Raimundo Xavier(PFL), após ter exercido três mandatos e a presidência da Câmara Muncipal, perdeu feio, conseguindo apenas 251 votos. Mas foi em 2004 com a diminuição do número de vereadores de 11 para 9 que aconteceu uma das maiores avalanches de derrotas de vereadores, pois nada menos que 6 parlamentares saíram das urnas literalmente liquidados. Foram eles: Antenor Inácio(PFL), no terceiro mandato (330 votos), Evandro Nogueira (PSDB) - 227 votos, Wallison Soares(PT) - 188 votos e José Itamar(PTB) - 337 votos, ambos no segundo mandato, sendo este último apoiado pelo ex-prefeito Joaquim Lima Verde. Também não conseguiu reeleição o vereador José Gabriel (PFL) - 271 votos, que exercia o primeiro mandato. Mas o que causou maior surpresa foi a derrota do veterano vereador Antonio Caetano(PSDB), que estava no seu quarto mandato consecutivo e obteve apenas 360 votos. Caetano havia sido o mais votado na eleição anterior com 671 votos e prometera naquele ano alcançar a marca de 1000 votos. A sua derrota até hoje é tida como uma das mais festejadas, visto que o mesmo usou e abusou do poder durante o
Governo Mão Santa, do qual era o principal representante em Valença, indicando inúmero cargos de confiança. No entanto, alguns já previam a sua derrota, por não contar com tão grandiosa estrutura como tinha no passado.
Na eleição de 2008 foi a vez dos vereadores: Atêncio Queiroga (PDT) - 359 votos, que estava no terceiro mandato, Henrique Martins (PSDB) - 349 votos que presidia a Câmara Municipal e Valdefran Vieira (PRTB) - 565 votos, ambos no primeiro mandato, que foram os dois vereadores mais votados na eleição anterior, respectivamente, sendo este último prejudicado pelo coeficiente partidário, apesar de ser apoiado pelo ex-prefeito Jarbas Matias.
E nesta legislatura quem ficará na dispersão? Por enquanto me arrisco a apontar dois nomes que não figurarão mais no parlamento valenciano. Um deles por ter obtido praticamente a mesma votação em suas eleições, ficando sempre nas últimas posições, o que em política é prejudicial, pois para se garantir um mandato sólido é necessário que se tenha um aumento significativo de votos a cada pleito, sob pena de não lograr êxito em uma próxima tentativa. O outro por se tratar de um emergente, que na Câmara nada mais é que um ventríloquo, agindo em nome do grupo empresarial que investiu pesado em sua eleição, basta ver a sua expressiva votação, sem falar na sua total inexperiência, já esperada pela classe política.
Outro fator que contribui para o seu iminente fracasso é a antipatia que conseguiu dentro e fora do poder, com apenas alguns meses de mandato. Aliás, este último parece que subiu a sua cabeça e o final deste filme eu já vi em outros cinemas, tanto da vida comum como da vida política. Precisa dizer quem são? Não citei os nomes para não dar direito de resposta. No entanto, o primeiro que se ofender a carapuça cairá. Quem viver verá!


























sexta-feira, 17 de abril de 2009

COMO OS PADRES SERÃO LEMBRADOS.

De 1993 até 2007 pude acompanhar e fazer parte de alguns grupos da Paróquia de Valença, sendo o principal deles, o grupo de acólitos, ou coroinhas, como são mais conhecidos aqueles meninos que ajudam o padre no altar durante as missas. Neste grupo permaneci de abril de 1993 a fevereiro de 2002, vindo a terminar minha participação em grupos no início de 2007 na equipe de comunicação paroquial, portanto foram quase 15 anos de dedicação à Paróquia de Nossa Senhora do Ó e Conceição.
Durante todo este período, não só convivi com vários padres, como também obtive informações de alguns outros que aqui passaram, o que me permitiu traçar um perfil de cada um deles para entender um pouco da história recente desta paróquia. Vejamos cada um:
Padre RAIMUNDO NERY: Foi pároco em Valença de 1973 a 1986. Padre Nery, como era chamado, conseguiu, com sua popularidade, estabelecer um bom laço de amizades, não só em Valença, mas em outros municípios que na época pertenciam à nossa paróquia. No seu paroquiato foi adquirida e ampliada a casa paroquial, residência dos padres de Valença. Nery foi também protagonista de inúmeras histórias hilárias que até hoje ainda são lembradas por aqueles que acompanharam o seu tempo. Faleceu em 2005 na capital Teresina, onde residia, aos 64 anos.
Padre AMADEU MATIAS: Foi pároco em Valença de 1986 a 1990. Era um padre popular, carismático e organizado. Criou o grupo de acólitos e tinha como ponto forte as suas pregações, sempre muito eloquentes e marcantes.
Padre ANTONIO CRUZ: Auxiliou o padre Amadeu Matias como vigário paroquial de 1987 a 1989. Destacou-se pelo carisma, bem como pelo seu lado esportista, pois quando aqui esteve, era comum vê-lo jogando futebol pela cidade, fato inédito até então, em se tratando de um padre, o que para muitos católicos tradicionais causou uma grande surpresa.
Padre JOÃO MOURA: Foi pároco em Valença de 1990 a 1991. Por sua rigidez, assim também pela forma irônica como se dirigia às pessoas, muitas vezes publicamente, não foi muito bem
compreendido pelo povo.
Padre GILBERTO FREITAS: Auxiliou o padre João Moura como vigário paroquial, quando este saiu, assumiu como pároco em 1992, onde permaneceu até 1997. O seu paroquiato ficou marcado pela grande atenção que teve com a área pastoral, como também pela sua grande identificação com as pessoas mais humildes, fruto de seu jeito simples de ser. Articulou a criação de inúmeras capelas nas zonas urbana e rural da paróquia. Outro ponto alto de sua passagem por Valença foi a grande organização administrativa da paróquia, com prestações de contas regulares e total transparência no que fazia. Ao final de seu paroquiato lançou o livro História de um povo e sua fé, que faz um relato histórico da paróquia de Valença, desde sua criação até a época que aqui trabalhou. Quando saiu de Valença, foi estudar em Roma na Itália, onde permaneceu por dois anos, fazendo o curso de Mestrado em Direito Canônico.
Padre ADELINO RIOS: Foi vigário paroquial de 1995 a 1997, auxiliando o padre Gilberto Freitas. Criou o grupo de consciência negra da paróquia, que viria a ser extinto no paroquiato seguinte. Ao sair de Valença, tornou-se o primeiro padre da recém-criada Paróquia de São José, no município de Inhuma.
Padre LAURO DE DEUS: Ficou à frente da paróquia de 1997 até o início de 2004. Criou o grupo do ECC (Encontro de casais com Cristo), grupo este que teve apoio mais que especial, em detrimento de outros já existentes. Assim que chegou procurou excluir paulatinamente os remanescentes do período do padre Gilberto Freitas. Auto denominando-se de popstar, padre Lauro arriscou ser cantor, realizando shows e gravando músicas, que aliás era a sua prioridade, ao lado do sempre protegido ECC. Outro fato marcante de seu período foi o afastamento do padre Raimundo Marques das atividades religiosas, motivado pela forma ditatorial com que agia, não poupando nem mesmo o horário das missas, quando muitas vezes a usava para desabafos meramente pessoais. Mas a principal marca de sua passagem foi a total desorganização administrativa da paróquia, onde o que menos se via era transparência, tão comum em outrora.
Padre FRANCIMILSON GONÇALVES: Foi pároco em Valença de 2004 até o início de 2007. Reorganizou administrativamente a paróquia, assolada pelo paroquiato anterior, igualando-se neste quesito ao padre Gilberto Freitas. Manteve um bom trânsito com as correntes políticas de Valença, evitando polêmicas. Com o seu jeito simples e harmônico de ser, conseguiu vários benefícios para a paróquia, sendo o principal deles a reforma quase que total da Igreja Matriz. Também era esportista, gostava de jogar vôlei, fato que possibilitou o seu bom relacionamento entre a juventude.
E Padre MIGUEL JÚNIOR, como será lembrado futuramente? Por enquanto ainda não é possível afirmar, visto que o seu paroquiato ainda está no início. No entanto é necessário dizer que Valença, como uma paróquia centenária, espera muito de seus padres, embora algumas vezes não colabore para um bom trabalho. Todavia, cada padre tem uma forma diferente de trabalhar, com defeitos e qualidades inerentes a qualquer ser humano.

segunda-feira, 6 de abril de 2009

O PODER PELO PODER.

É o que se pode dizer sobre o verdadeiro objetivo do grupo do atual prefeito de Valença, Francisco Alcântara. Não é à toa que para conseguir "vencer" as últimas eleições, o mesmo passou por cima até mesmo do próprio passado, a começar pela sua saída do seu antigo partido, o PFL de tantas glórias e vitórias, no qual sempre gozou de prestígio quando a agremiação estava no poder. Depois, se uniu ao ex-prefeito Jarbas Matias, que no passado o acusava de incompetente e corrupto. Basta lembrar o que o próprio Jarbas fez ao tomar posse em 2001, quando mandou publicar em fachada pública os débitos herdados da segunda administração de Alcântara, fato que motivou a prefeitura a contratar uma auditoria por um período de 180 dias, tempo no qual a mesma ficou impedida de realizar qualquer convênio, pois estava com o nome incluído no CADIM(Cadastro de Inadimplência), sistema que contém as prefeituras que não honram seus compromissos, bem como o nome dos respectivos gestores. Isso foi considerado por Jarbas como um atraso para sua administração que depois veio mostrar-se ainda mais incompetente do que aquela que tanto criticava.
Foi nesse contexto que Alcântara voltou ao poder, contando ainda com a ajuda providencial do segundo governo Hugo Napoleão (19/11/2001 a 31/12/2002), fato que evitou uma debanda em massa de seus aliados, que foram logo acomodados no poder. Mas Hugo não se reelegeu, ficando Alcântara fora do poder. No entanto com Jarbas cada vez mais desgastado, o nome de Alcântara ressurge das cinzas, quebrando o ceticismo de muitos.
O seu terceiro governo foi marcado pela lentidão administrativa e política, bem como pelo inchaço da prefeitura, locupletada de pessoal não concursado, sendo a maioria deles marajás, aqueles que ganham sem trabalhar. Neste período quase nada foi realizado do ponto de vista estruturante em nosso município, gabando-se apenas do fato de pagar o funcionalismo em dia, algo que não é, nada mais que obrigação de todos os poderes. Em 2006, o prefeito trai o seu próprio partido, ao não apoiar para o senado, o seu então companheiro de partido Hugo Napoleão, aquele mesmo que lhe deu a mão quando muitos o abandonavam, em detrimento do empresário João Vicente Claudino, o candidato do governo. Mesmo com toda essa falta de sintonia com a população, o prefeito conseguiu ser "reeleito" com uma estreitíssima margem de 269 votos que representaram 2,4% dos votos válidos, bem diferente de suas outras vitórias, cada uma mais acachapante que a outra. Ao assumir o seu quarto mandato em 2009 sob suspeita de várias irregularidades cometidas em ano eleitoral, sendo a principal delas, compra de votos, Alcântara se depara com um processo de cassação impetrado pela coligação Coragem de fazer, representada pelo empresário Rubens Alencar, segundo colocado na última eleição, que alegou abuso do poder político e econômico por parte de Alcântara, prática comum no Brasil, principalmente entre detentores de mandatos majoritários, que para não perderem o poder são capazes de qualquer ato ilícito. O prefeito corre o sério risco de perder o cargo, mesmo depois de tornar-se o recordista de mandatos majoritários no município. Já pensou como seria entrar para a história como o primeiro prefeito cassado de Valença? É o que podemos chamar de ferida incurável.